Referência sim, modelo não

Uma das categorias que optamos por colocar no site é esta, de nome Referências. E aí vão sites, autores e vídeos. Acreditamos que as referências são muito bem vindas. As pesquisas são necessárias para as criações. E, principalmente em aprendizados, são indispensáveis. São motivadoras e podem auxiliar no entendimento das técnicas.

Então, referência sim, modelo não. Nada pode surgir do nada. E claro, as referências surgem dos meios mais variados. Mas não são modelos a serem copiados. É até um tanto óbvio, mas não custa postar.

Datado III

Fechando a reprodução de textos antigos. E espero que seja de fato uma trilogia, para que os próximos surjam das pesquisas em andamento. E que estas passem a andar mais rápido.
Este foi publicado em 3 de fevereiro de 2010, no blog do MEME. Mesmo postado aqui na sessão estudo, foi quase uma experimentação. Um texto meio sem começo, meio sem fim. Como são todos os bons textos (ao menos os bons de se escrever, nem sem pre de se ler). Aí vai.
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Diego Esteves
Janeiro de 2010.

Quando surgiu o convite para escrever para o blog do MEME, fiquei pensando no tema sobre o qual discorrer. Nesse momento o tema já foi escolhido e, ironicamente, é com ele que me encontro agora: o vazio.
Escrever sobre o vazio, aqui, é uma redundância: escrevo pensando esta palavra ao mesmo tempo em que estou sobre este vazio, na medida em que as análises estão por serem feitas: a folha está em branco. E não só isso, pois fosse só o fato de ela estar em branco, bastaria alguns toques de dedos para preenchê-la. Mas não é disso que se trata. Escolhi escrever sobre algo que me punge, que me toca e atravessa, me coloca a pensar e antes, sentir. Não é algo que conheço, tenha estudado com afinco, ou tenha um concreto conhecimento de causa. Mas, diz Deleuze, filósofo francês caro para esta análise, que a boa inteligência vem sempre depois. Assim espero.
Dou início: a criação não se dá sem a existência de um vazio. Mas o que é este vazio? Pois sem esta resposta a afirmação ficaria um tanto confusa: como pode existir um vazio, quando um vazio seria um nada, e um nada não pode ocupar espaço, ou pode? Há também, nesta linha, uma afirmação que diz que nada pode surgir do nada. Então, de que vazio se trata? Neste caso, uma questão conceitual, ou poderia ser metafórica: um conceito que responde a um problema, o qual tento elaborar, ou uma metáfora que exprime uma sensação: a qual sinto enquanto artista em processo de criação.
Nada muito perto de certezas. O mais próximo disso é crer que sem este vazio não é possível criar uma obra de arte que seja intempestiva. Neste sentido, estou com o texto de Sueli Rolnyk: Se definirmos o intempestivo exatamente como a emergência de uma diferença desestabilizadora das formas vigentes, a qual nos separa do que somos e nos coloca uma exigência de criação, uma obra de arte intempestiva é aquela que se faz como resposta a uma exigência deste tipo; é só quando isso acontece, a meu ver, que se pode falar em arte.
Se assumimos então esta necessidade, nos deparamos com outro problema: da dificuldade de se colocar nesta posição inconsistente, indecisa. Poucos se permitem não saber, não ser, não estar. Tendemos a nos agarrar às formas, a um Eu com nome, sobrenome, RG e verdades. Querendo ou não, estamos num lugar, e o vazio, neste caso, é aquele momento de angústia, um sentimento ambíguo: a apreensão de não saber para onde ir e a expressão que pode ir para qualquer lugar: quando nada é, tudo pode ser. Interessante que a palavra apreensão no dicionário tem o duplo sentido de preocupação por incerteza do futuro e ação ou efeito de aprender.
Digo isso, pois penso que uma das formas de estar na vida é agir como se os problemas não existissem, num fruir descomprometido, usufruindo de uma pseudo-felicidade (ou outra forma de felicidade?). Era uma das críticas de Nietzsche, segundo Jean Granier: Adivinha-se a receita dessa felicidade: a eliminação engenhosamente programada de tudo o que, na realidade, é fonte de conflitos, de lutas, de tensão e, portanto, de superação. Trata-se de reduzir a existência humana a uma sonolência prazerosa e ininterrupta, a uma irresponsabilidade contente. Reconhece-se aí o ideal da “sociedade de consumo” moderna, versão técnica e publicitária do niilismo passivo.
Por outro lado (que em nada nega o anterior) podemos pensar que as formas se agarram ao nosso ser. Basta analisar como estamos impregnados de posturas, de gestos, de dizeres, de opiniões. Não seria de todo errado afirmar que, só somos, à medida em que temos uma forma. Num extremo: somos esta forma. Logo, não poderíamos ser um nada. Podemos, contudo, ser o processo, não o fim. Estarmos mais atentos aos acontecimentos e mais, provocar para que algo nos ocorra e ocorra com o mundo: se mantém então a forma, mas pequenas sutilezas fazem com que ela mude, pouco a pouco. Não que essas mudanças não sejam inerentes a todos, porém, ser ativo, atuante, pensante, fazedor, criador, questionador, é diferente. Interessante como muitas dessas palavras terminam com dor…
Vivemos numa estrutura social, há toda uma maquinaria da qual fazemos parte à medida em que temos um lugar, uma função. Mesmo assim, por mais que a tendência seja a da reprodução, sempre a algo que escapa, sempre existe uma linha de fuga e é sobre estas que precisa recair nossa atenção. Parece-me que poucas coisas podem ser tão difíceis quanto isso. Assumir esta condição de procura, de sensibilidade apurada, de pensar constante, é causar um eterno problema enquanto durar a vida. Aliás, pensar realmente, e não somente repetir, pressupõe, ao meu ver, uma boa dose de sensibilidade: uma é inerente a outra. Mas arrisco dizer que só assim estaremos com a vida e não na vida. Não sem dor: negar esta, como a derrota e tudo que rotulamos como o mal, é nos tirar a chance da felicidade, da superação, do ir além. Como saber a felicidade sem saber a tristeza?
Encontrar este estado de inconstância, de não-saber, que aqui estou chamando de vazio, não se dá sem um esforço. E esse esforço não é eficaz sem um método. E é aí que está, ao meu ver, um dos méritos dos laboratórios do MEME: promover, por diversos meios, este vazio. Penso que é na desconstrução do ser, que é buscando uma indefinição, um corpo informe, que surge a criação. Desconstruir para reconstruir. Do contrário, ficaríamos com o mesmo e com as formas dadas. Contudo, é necessário jogar com as formas, não negá-las.
Um adendo: não é possível ser esse vazio. Penso que esta condição sensível não é um lugar para ser alcançado, é um caminho. E, talvez, na maior parte do tempo, viveremos os automatismos e distrações cotidianas, já que a tendência é a da reprodução. No entanto, em laboratório, em criação, esta condição é indispensável e, mesmo assim, nem sempre alcançada. Mas exercitá-la, em arte, pode significar a possibilidade de trazê-la para a vida como um todo e, fazendo assim, da vida uma obra de arte.
Encaminho o texto para o fim com o pouco fôlego que me resta. Penso ser provável que ele não se faça entender o suficiente. Talvez bem menos do que isso. Seria um disparate que fosse o contrário. O motivo, já dito de ante-mão, é que não sei sobre o que escrevo: tenho alguns apontamentos, mas escrevo com essa sensação de vazio (que neste caso é muito pertinente). Só me potencializa escrever neste limiar. O mesmo vazio que experimento dia a dia, enquanto artista: função que, reafirmo, não pode se dar, ao meu ver, sem se permitir e se provocar esses vazios. Sem estar neste limiar. Ao menos quando se pensa numa obra de arte intempestiva. Ou quando se pensa, como Roland Barthes, ao escrever sobre Brecht, uma arte crítica:

Tudo o que lemos e ouvimos recobre-nos como uma toalha, rodeia-nos e envolve-nos como um meio: é a logosfera. Essa logosfera nos é dada por nossa época, nossa classe, nosso ofício: é um “dado” de nosso sujeito. (…) A arte crítica é aquela que abre uma crise: que rasga, que faz rachaduras na cobertura, fissura a crosta das linguagens, desliga e dilui o ligamento da logosfera; é uma arte épica: que torna descontínuos os tecidos das palavras, afasta a representação sem anulá-la.

1 http://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/ninguem.pdf
2 Nietzsche. Jean Granier. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009.
3 Escritos sobre teatro. Roland Barthes. São Paulo: Martins Fontes, 2007

Datado II

E seguindo com a tendência do resgate histórico, vai uma espécie de continuação do texto anterior, publicado no mesmo blog. Nas mesmas condições, que é de um texto que seria bem diferente se escrito hoje, mas faz parte de um processo: enquanto circense, enquanto “escritor”, enquanto pessoa. Por isso cá está.

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Continuando: circo, filosofia, vida, ética…..

Ainda pensando sobre a arte circense e suas possibilidades latentes, lembrei de uma citação. Esta está num texto que eu já havia lido há mais de um ano, mas tive contato com ela novamente, em outro contexto, que me proporcionou outros pensares. Pois dá primeira vez que a li, estava só e descompromissado, tinha o interesse no texto, as conexões me vinham, digamos, ao natural e aos poucos. Neste segundo momento, no mês de fevereiro, eu estava num workshop com o Grupo Lume, em Barão Geraldo, Campinas – SP. Workshop teórico, ministrado por Renato Ferracini, contextualizando e conceitualizando o corpo e o corpo em arte. Trata-se de uma citação de Deleuze e Guattari, do Mil Platôs Vol. 3, no texto Como criar para si um Corpo sem Orgãos:
Eis então o que seria necessário fazer: instalar-se sobre um estrato, experimentar as oportunidades que ele nos oferece, buscar aí um lugar favorável, eventuais movimentos de desterritorialização, linhas de fuga possíveis, vivenciá-las, assegurar aqui e ali conjunções de fluxos, experimentar segmento por segmento dos contínuos de intensidades, ter sempre um pequeno pedaço de uma nova terra.
Lembrei desta citação, pois penso que é um bom exercício e a melhor forma de buscar alternativas para a arte circense (alternativas que já vem sendo buscadas por grupos mundo afora, faço aqui um exercício mais conceitual, pois se acredito nesta busca de novas formas, também acredito que em nome do novo e da liberdade, pode se produzir, num âmbito conceitual, uma estética vazia). Existem neste texto muitos conceitos importantes na filosofia de Deleuze e Guattari que não me seria possível explicar com a devida consistência que penso ser indispensável. A idéia é usá-la como dispositivo de um planejamento para uma execução mais ou menos prática na busca de uma “nova” arte circense. Considerando que o que nos dizem esses teóricos, a mim, é uma forma de atitude ante a vida, uma ética.
A partir daí, a questão então é: instalar-se sobre o que vivemos como circo hoje. Buscar nele, e em nossos corpos que o vive em ato, espaços, rupturas, linhas de fuga. Se assentar numa pequena parte e nela buscar possibilidades de ações corporais, outros movimentos, outros agenciamentos com os aparelhos circenses, ou buscar um objeto não circense, cotidiano, e aplicar nele e com ele a “lógica circense”.
Uma tentativa mais específica de aplicabilidade: malabarismo: com bolas: usar o corpo, além das mãos: pés, cabeça, costas, braços e coxas. Além do bípede: outras relações com o espaço: sentado, deitado, giros. Ações mecânicas: variações de lançamento e recepção, equilíbrios estáticos e dinâmicos. Relação com o som: silêncio, música, o som da bola em contato com o corpo, ou com o chão, a voz. Mistura de técnicas: movimentos acrobáticos, gestos, ou referências de dança. A variação do próprio equipamento: não mais bolas de malabarismo: folhas, frutas, bolhas, cuspes, tubos, lenços, talheres. E demais buscas, demais linhas de fuga, desterritorializações.
Do malabarismo a acrobacia, passando pelos aéreos, equilíbrios. Agenciando técnicas. Misturando as referências circenses com a memória corporal: vícios de comportamentos, brincadeiras lembradas, outras técnicas estudadas. O corpo só, com o objeto, com os outros corpos. O agenciamento com outras técnicas corporais. A pesquisa, o exercício, o experimento. Desfazer e refazer.
Entre a pesquisa de movimentos aberta e uma pré-conceituada: o corpo com um peso outro, o objeto, uma dada importância, outra função, outro simbolismo.
Sem pressa, com paciência, com curiosidade. A atenção no processo, o interesse por ele. O essencial está no processo, no meio. E no momento em que se quiser ou precisar (já que vivemos num mundo, com demandas práticas, cênicas e financeiras) retirar desta pesquisa toda, destes dados, o interessante, o querido, e montar um número, ou um espetáculo. Desacelerar e emoldurar. Então passa a ser este próprio espetáculo ou número uma espécie de estrato, podendo nele mesmo se buscar linhas de fuga, para readaptá-lo ao tempo, as necessidades. Sem desconsiderar que cada execução, atuação, é uma, única.
Jaz aí uma postura com relação ao circo, com relação aos relacionamentos, com relação à vida. Ao menos uma opção de. Menos simples do que a repetição dos vícios que adquirimos ao longo do viver. Ou os vícios que adquirimos da história acumulada à nossa arte.

Datado I

A primeira postagem no blog será anterior a ela e vinda de outro blog, de uma postagem datada de 10 de março de 2009. Coisas que circundam é o nome de um blog que alimentei por um tempo, e agora se encontra um tanto parado. O motivo principal é o mesmo que faz colar textos antigos ao invés de inciar novos: muito tempo dedicado a produção, coordenação, e pouco aos estudos. Coisa que estou dando conta de resolver.
Mesmo assim, rever escritos de outra época é, no mínimo, curioso. Um pouco do texto me agrada, um tanto já discordo, coisas que o tempo realiza conosco. Mesmo assim, optei por deixá-lo na íntegra: se assim foi, assim será, não me darei o luxo de me “corrigir”. Mas provavelmente retome a temática em novas postagens, pois estão em movimentos nas produções em estado de espera, como um artigo que espero publicar ainda este ano. Abaixo o dito cujo.

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Circo crítico?
Valorizar o trabalho do artista enquanto processo intelectual e não enquanto produtor de objetos para a contemplação e deleite de alguns.1

Pensei, a partir desta frase, publicada em 1974, num artigo de autoria de Ronaldo Brito, crítico de arte, na questão dos artistas e da arte circense neste contexto. Neste artigo, Brito discute acerca da arte conceitual: …uma tendência ampla e internacional que começou mais ou menos com a década de 70 – representa sem dúvida um movimento importante: pela primeira vez um movimento se propôs discutir não apenas o objeto da arte em si mas a própria função da arte e do artista na sociedade.

Não posso fazer da minha análise um questionamento que abrange toda a arte circense, mas sim dentro dos espaços de onde surge a minha experiência e das pesquisas que tenho feito a cerca desta arte, onde me incluo. Acontece que daí já surge um problema, que se soma aos outros, e me fazem questionar a arte circense enquanto processo intelectual: pouco se encontra de bibliografia e não há muita discussão neste aspecto na internet (faço esta afirmação com receio, pois não tenho pesquisado tanto quanto gostaria, mas é fato que se tratando de artes cênicas, a dança e o teatro tem publicações bem mais fáceis de se encontrar).

Acredito que está condição atual se torna mais clara à medida que se estuda a história do circo, das famílias circenses, de como se formou este grande espetáculo. E não há aqui em minha problematização uma questão de hierarquia, não se trata de ter que se ser intelectual para ter mais valor. Tem grandes méritos o circo tradicional, e um deles é o alcance que teve, e ainda tem, em termos de democratização e contato com o público. Coisa que não se pode afirmar da arte conceitual.

Contudo, desejo restringir está discussão no seguinte emolduramento: o que faz desta arte os que se dizem do Circo Contemporâneo? E não me aventuro agora na questão de conceituar e discutir o que se trata esse tal circo, mas me basta aqui sugerir que são artistas que surgem na nossa época e que conheceram o circo das mais diversas formas, que não a partir de sua família, sob a lona.

Circundando em torno da questão do circo contemporâneo, questiono as possibilidades deste fazer artístico circense que não se faça apenas no fazer, mas que se ponha a pensar. Pois, a medida que somos de outro contexto histórico e social, podemos (prendi meu ímpeto de escrever “devemos”) nos apropriar deste e pensar a arte circense não apenas como entretenimento, mas também como uma arte crítica.

E para delinear melhor a questão, coloco aqui a minha noção de arte crítica, me dita por Barthes: a arte crítica é aquela que abre uma crise: que rasga, que faz rachaduras na cobertura, fissura a crosta das linguagens, desliga e dilui o ligamento da logosfera; é uma arte épica: que torna descontínuos os tecidos de palavras, afasta a representação sem anulá-la.2

Talvez a principal dificuldade de alcançar esta proposta se dê no fato dos circenses estarem um tanto presos à virtuosidade. Se gasta toda a energia, ou boa parte dela, na busca do mais difícil, do mais impressionante: um mortal a mais, uma bola a mais, uma pirueta a mais. Quase sempre o mais. Quando as vezes pode ser interessante o menos (relendo o texto lembrei dos palhaços, que certamente constituem uma questão a parte, não se incluindo aqui). Não que isso não ponha o outro (espectador, ou mesmo um colega) em crise, mas ela vai acontecer se o outro perceber o quanto seu corpo poderia fazer, se outro corpo faz, mas não o faz porque não treinou, não seguiu este caminho, ou tem outra profissão, esta fora do peso, etc. Provavelmente uma pequena crise.

Acontece que temos nas mãos, ou mais precisamente em nossos corpos, muitas críticas em potencial. Pois, a medida em que vivemos numa maquinaria social onde apreendemos e somos apreendidos, tomamos formas que nos fazem ser quem somos. Temos, no entanto uma potência que não circula, ou que as poucos se diminui, num corpo que se desfaz na lógica do consumo, do utilitarismo, numa economia dos corpos: num menor gesto, uma maior produção (Foucault, se não me falha a memória). Sendo que assim, quem mais sofre é o corpo, que é este sujeito, ou está individualidade, eu e você. E quem melhor que os circenses para levar o corpo para outras possibilidades? Mas isso é texto para outros textos.

Penso que o mais justo é se pensar em um circo contemporâneo, com iniciais minúsculas, porque ainda vejo ele, salvo algumas exceções, como um circo que é do nosso tempo, mas não difere muito do circo tradicional no seu fazer a ponto de necessitar de um novo nome. Pois mesmo que se apresente em outros espaços, com outras propostas no figurinos e mesmo no dito circo-teatro, o que prevalece são as mostras de números nos passos da virtuosidade: enquanto produtor de objetos para a contemplação e deleite de alguns.

E se a arte circense se apropriar desta possibilidade crítica e conceitual, não como parte casual do processo de criação, mas sim com pré-texto, como inicio do processo? Não que tenha que se perder o que se tem, ou não se possa trabalhar com uma proposta, diria (com receio novamente), mais tradicional. Não estou propondo a troca de uma por outra, mas a criação de outros territórios: a multiplicidade de territórios. Fugir da simples repetição.
Porém, essa outra vertente pode ser um pouco mais trabalhosa, e é necessário estar um pouco mais aberto. Assim como é necessário criar um espaço de pesquisa, de estudo, com seus devidos tempos. Sob o risco de se fazer o tradicional, com um nome novo.

1 Ronaldo Brito. Experiência Crítica. Editora Cosacnaify.
2 Roland Barthes. Escritos sobre teatro. Editora Martins Fontes:São Paulo, 2007.