O último final de semana

Amanhã é sexta-feira. Nas últimas três semanas tenho feito o mesmo percurso nas sextas, sábados e domingos, por volta das 16 horas: da minha casa para a Casa do Mario, de Cultura, no Teatro Bruno Kiefer.

Amanhã é a primeira das três últimas apresentações e, tão logo se acaba esta temporada já iniciaremos mais uma, do espetáculo Coisarada.

Então, uma retrospectiva dos registros dessa temporada e da anterior, de novembro do ano passado:

Começando pelo fim,

Fotos de Danny Bittencourt: http://dannybittencourt.wordpress.com/2012/04/28/gestos-e-restos/

Fotos de Gerson de Oliveira, Fernanda Boertoncello Boff e Tiago Expinho:

Crítica de Rodrigo Monteiro, da temporada de 2011: http://teatropoa.blogspot.com.br/2011/11/gestos-e-restos.html

E a divulgação desta e da temporada do Coisarada, agenda aí.

Até as apresentações, ou até a próxima postagem.

Boa noite!

Passou o terceiro final de semana da temporada do ‘Gestos e Restos’

E ainda falta um.

O corpo está cansado. O corpo está bem. Do corpo que é este todo, que sou eu e mais do que eu. Que quer o que quero, e às vezes não. Este corpo que tem que entrar comigo em cena, mas que cansado, teima em não deixar o camarim. Respiro e vou: é a fala da minha vó que me chama para a cena: “Antigamente, um ano, barbaridade, um ano… agora tu fecha os olhos quando tu abre os olhos e já passou um ano, uma ano passa rápido… mas porque… por esta agitação de agora… esta agitação de agora, a pessoa na pára…”

A pessoa não pára. A pessoa, a minha pessoa eu, não pode parar, como todo a pessoa. Ou pode? Paro em movimento, descanso em movimento. E a cabeça quase sempre agitada. E eu, tentando acalmar meu corpo. Mas esse corpo sou eu… Pode eu mesmo acalmar eu mesmo? Mas se eu sou eu, quem estou acalmando?

Para além do eu, meu corpo é uma convergência de energias, de olhares, que afeta e é afetado, como disse Deleuze. E é essa troca, creio eu, esta tensão que sustento em cena – para sustentar a cena- que mais me cansa. Talvez porque ainda faço muito esforço para isso…

Enfim, “foi até onde deu pra ir…”. Agora vou descansar, contente após a nona apresentação desta temporada, deste solo tão frágil quanto meu corpo.

Tem gente que quer ser forte, bonito, sério… que quer dizer, mostrar, questionar… disso tudo eu procuro os restos e, para isso, preciso me agachar, preciso me recolher, preciso me encontrar nessa vida nossa de cada dia, em cena ou não, aceitando as fragilidades de ser. Creio que aceitar ser fraco é demonstração de muita força, lapidada pelas quedas. Ainda tenho muito por cair.

Boa noite!

Temporada do Gestos e Restos estreia hoje!!

Amigos, amigas, amigos de amigos e inimigos de qualquer um,

Hoje, dia 20, às 20 horas, estreia a temporada do meu solo, o Gestos e Restos. É o trabalho que se desenvolveu junto com a criação do núcleo, e anda, pouco a pouco, amadurecendo. Não vou escrever muito, pois a escrita, esta com pressa, tem um algo de gesto: um que prima pela eficiência (neste caso, para comunicar). Os restos, o que se daria por uma escrita mais atenta, calma, e talvez até descomprometida, não cabe a esta hora de corpo inteiro cansado – corpo que cria, ensaia, treina e leva a kombi para o conserto. Deixo então algo de resto para o olhar de quem olha, por cá o vídeo nosso, promocional da temporada e, quiça, por lá, no teatro. Todos convidados a compartilhar mais um pouco da história deste núcleo, que de resto em resto, pelos cantos, cria uma composição de ser – de autonomias individuais, comprometidas com construções coletivas. Já disse alguém quando alguém pisou na lua: um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para um coletivo! Ou algo genérico.

Sono. :o)

Quiça, até lá!!!

p.s: assista o vídeo em alta qualidade.

 

Após o 38º ENAPEF…

Passados três dias em Tramandaí, mais três dias em Porto Alegre, e então me sento para escrever.

Em resumo, os últimos seis dias passei da seguinte forma: quinta pela manhã, deixei o material para o evento Moderna Idade, na PUC (onde ministramos vivências circenses para a 3º Idade, na sexta e sábado), e pela tarde tomei o ônibus para Tramandaí. Nesta noite, e nos dias seguintes, até sábado, estive no 38º ENAPEF, ministrando o curso As Técnicas Circenses e a Educação Física, e acompanhando as outras atividades. No domingo, retornei a Porto Alegre, com outros professores que seguiram para São Paulo. No mesmo domingo, pela tarde, participei do Donna Fashion, auxiliando a Palitolina em sua tentativa de desfile. Ontem, passei o dia trabalhando em produções e hoje, consultando um médico para descobrir o motivo da dor abdominal, minha fiel companheira de meses, e também ensaiando. Agora cá estou, tentando por os pensamentos em ordem e deixar por aqui o que mais importa. Eis então a questão: mas e o que é que mais importa?

O que importa, no sentido de importante, é o que importamos para dentro, no sentido de guardar conosco. Importante explicação sobre o importar, que aprendi com Mário Sérgio Cortella. E o que então, eu tenho importado?

Tenho importado, aos poucos, pacientemente, a paciência. A aceitação de que não importa quanto eu me importe com a pressa: o tempo tem o seu tempo! Tenho importado que apesar da espera ser necessária, eu posso esperar parado, ou posso esperar em movimento. Tenho aprendido a importância de saber esperar ativo e paciente. Tenho importado os paradoxos da vida. Tenho importado o conviver com os outros, tantos outros, tantos diferentes. Medido a minha intenção, as minhas projeções no trabalho coletivo, com os quereres e as iniciativas dos demais. Importando atento os comportamentos, aprendendo a dialogar com a vida e com os que nela estão. Porque talvez o que mais importe seja justamente esses encontros, e esses que passam, caminham conosco, independente do tempo, mas com aceitação e intensidade. Aceitação, o que mais tenho tentado importar, provavelmente.

Importa-me muita a família, claro, que mais ou menos distante me acompanha, devido a agenda corrida. Importa os que dividem comigo as ideias, as vontades e as ações da Canto e NECITRA. Os que dividem comigo o dia a dia, o meu bom humor, o meu mau humor. Importa dividir, compartilhar.

Encontrar, dividir, compartilhar e então importar, carregar para dentro do corpo. Optei por escolher um caminho de arte e de educação. De criar e pensar como compartilhar esses processos, promovendo encontros, para talvez criar momentos importantes, no sentido de que estes, que dividiram momentos comigo, possam importar algo desta convivência, mesmo que curta.

Assim, foi, para mim, os três dias que passei no ENAPEF.

Durante um bate-papo, no último dia, falei do significado da Alegria, em Espinoza, como a potencialização do ser. E foi assim que retornei para Porto Alegre, mais alegre, potencializado. Espero que tenha promovido momentos importantes para os colegas educadores físicos que conviveram comigo nestes dias de curso, tanto quanto à mim foi demais importante a aceitação e a motivação com que me receberam neste curso. Ao que sou muito grato.

Curso “As Técnicas Circenses e a Educação Física” no ENAPEF – Encontro Nacional dos Estudantes de Educação Física

Cá estou, em Tramandaí, no 38º ENAPEF. Hoje, o segundo dia do curso “As Técnicas Circenses e a Educação Física”. Ontem, no primeiro dia, 36 inscritos. Gente muito interessada, anotando e filmando tudo. E eu, feliz por dividir com colegas educadores físicos, um pouco do que tenho estudado e criado nas oficinas, nos experimentos cênicos, na vida.

 

Faz seis anos que me afastei da Educação Física, enquanto instituição, enquanto discurso, para me inserir no campo da arte. Mas sempre trouxe a educação física comigo, e os conhecimentos que adquiri neste período de formação e práticas, sempre foram indispensável ao meu fazer, me permitindo um olhar atento a detalhes técnicos, sobretudo com relação a anatomia, a biomecânica e a pedagogia. O encontro intenso com a arte, por outro lado, me proporcionou um olhar mais amplo, e ao mesmo tem focado, na criação, na subjetividade. Me instigou um afastamento da objetividade técnica em direção ao caos.

 

Esse curso vem justamente num momento onde estou a tentar unir estes dois Diegos, o artistas e o educador físico: esse olhar voltado para a criação e o outro, voltado para a técnica, para a repetição. Provavelmente passarei a vida a fazer isto. Só espero que cada vez com maior desenvoltura.

Tubo de Ensaio – 1ª Edição

“Não sei, só sei que foi assim”. A frase do célebre personagem Xicó, em O Auto da Compadecida,  dá conta de expressar o que foi, ao meu ver, a primeira edição do Tubo de Ensaio. Me esforcei ao máximo para permitir que as coisas acontecessem, sem tentar direcioná-las. Ao mesmo tempo em que tentava estar atento para “segurar” o que parecia ser merecedor deste esforço. E assim foi. E neste ido, claro, se perde muita coisa (sempre se perde!). Mas a palavra vícios, que virou bordão em nossos ensaios, era sempre lembrada por mim, no sentido de tentar evitá-los. Mas eles estavam ali, claro, os vícios cênicos. Contudo, discriminar entre vício e referência, entre memória e dependência, é nada fácil.

Acredito que as criações para o próximo Tubo, ainda sem data, precisam ser mais intensivas. Sacudir o corpo todo (que inclui a mente, é sempre bom lembrar…), e com força, de modo que só permanece preso o que for da alma… Aliás, corpo, alma, mente, palavras a serem pensadas…

Não sei, sei que foi assim…

Oficina na Usina do Gasômetro

Tenho ministrado oficinas/cursos voltados para a arte circense desde que resido em Porto Alegre (2007) e antes, em Santa Cruz do Sul. Ando pensando nesta frase, que corresponde à um estado: manter a constância na inconstância. Frase/ação que vai muito além desse exemplo, mas que ilustra o meu percurso como professor/oficineiro/educador nesta capital. Realizei cursos junto ao Circo Teatro Girassol, Casa de Cultura Mario Quintana, Centro de Desenvolvimento da Expressão, Centro MEME, novamente Casa de Cultura e agora no Centro Cultural Usina do Gasômetro.

A oficina também muda com as mudanças pessoais, que mudam com as outras pessoas que me acompanham, que chegam e que vão, com os acontecimentos, com esses cruzamentos da vida. Varia o foco, varia o tempo, varia o “clima”, o público. A oficina muda, junto ao fluxo da vida. Permanece o trabalho com o corpo, a exploração das técnicas circenses, as apropriações de outros campos e, particularmente nos últimos meses, o duplo desejo de considerar o todo, misturando as referências e os campos, desconsiderar as bordas, os limites técnicos e conceituais e, dividir as partes, analisar as formas, os métodos, suas origens.

Quem vai a esta oficina, particularmente, aprenderá a subir no tecido e nele se suspender, em suma. Mas os caminhos para tanto, os exercícios, os procedimentos pedagógicos, ao meu ver, muitas vezes, carregam em si potencias próprias, sutilezas que tiram o corpo de um lugar comum, que fazem o corpo pensar.  A tempos renunciei de reduzir as técnicas circenses como um sequência de truques virtuosos, ou como preparação corporal. E isso se expressa tanto nas minhas pesquisas e criações, como nas oficinas/cursos. A priori, virtuosismo e desenvolvimento do corpo são parte da arte circense e suas técnicas. Portanto, fazem parte de mim e da minha prática. Preciso então exercitar esta prática específica, de desterritorialização, e de buscar nessas terras o que para muitos outros são restos, mas que procuro com muito pesar. Aliás, sempre tenho a impressão de que algo me escapa. Talvez tenha que parar de tentar prender, mas não de apreender (e onde está a diferença?!) pois assim nada escapará. Mas já estou mudando de assunto.

Amanhã tem mais um dia de oficina. Mais um dia de preparação corporal, de ensino de técnicas e de exercitar o corpo no desconforto confortável de um lugar incomum: estar suspenso, pendurado: ação desconfortável para um corpo acostumado com a terra, com a segurança, confortável para um corpo que precisa do ar, que carece de leveza. Mas já estou mudando de assunto. Quinta e sábado também tem.

Retrospectiva 2011: Tubo de Ensaio, primeira intervenção

Olá pessoal!

Em abril de 2011 iniciamos as pesquisas do projeto Tubo de Ensaio, que trata de criar cenas em espaços não aparelhados para as artes cênicas. É uma proposta que se aproxima do conceito de Anti-arte, embora não tenhamos usado este termo. No mais, sou cuidadoso com qualquer negação expressa, e prefiro que o processo de criação abarque um todo, sem nomes, para pode jogar com os campos artísticos e conceitos, mantendo assim uma certa suspensão, tanto por parte do artista, na criação, quanto pelo público, ao ver a obra “acabada”. Assim, mantemos uma atitude mais ou menos aberta, como com uma mente de principiante“Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito.”

Um dos principais objetivos do projeto é criar problemas. Os problemas nos incomodam. O incomodo nos tira da comodidade. Saindo da comodidade nos colocamos em movimento, passamos a criar. É comodo para um circense trabalhar com o seu aparelho dentro de um espaço delimitado como palco/picadeiro. É comodo para um bailarino dança sobre um linóleo (piso para dança). Para um ator, provavelmente seja comodo representar num palco com a plateia bem disposta e acomodada. E como fazer num espaço outro? Sem palco, sem plateia, com outras delimitações estruturais, pois construído para outros fins. E qual é a finalidade da arte? A partir do que se cria? Para mim, se cria a partir deste incomodo. Da finalidade, deixo para quem gosta de fins, já que eu sou mais chegado aos meios.

A primeira edição do projeto aconteceu no Dhomba, e teve suas últimas apresentações em agosto. Abaixo apresento dois vídeos. O primeiro, de alguns ensaios e editado com o objetivo de divulgar a primeira intervenção. O segundo, desta primeira intervenção no espaço, que se deu sem que o público da casa soubesse. E nós, não sabíamos o que iria ocorrer. Só sei que, de amigos que estavam presentes, ouvi relatos do frequentadores da casa que diziam: “Essa gente sem noção”, “Tem um pessoal drogado ali atrás”, “Olha que legal”… Construímos as intervenções de modo que somente no final, de um período que perdurou por mais ou menos uma hora, ficasse mais claro de que se tratava de uma intervenção. No mais, os vídeos explicam melhor.

Até a próxima!

 

Encontro Estadual das Artes Circenses

Amanhã fará uma semana que estivemos em Santa Cruz do Sul, para o 1º Encontro Estadual das Artes Circenses. Foi muito bom voltar para a cidade onde eu morei até os meus 23 anos e para o local onde comecei a fazer circo, a UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul. Lembrando que foi nesta cidade também que Genifer morou até a adolescência.

O Encontro foi um passo importante para a arte circense no estado: a primeira vez que se reúnem artistas de várias regiões no interior e lá, se formou o Colegiado Setorial de Circo do RS, onde a Mariana Denardi, do do Núcleo de Produção da Canto, assumiu o cargo de delegada do setor produção. Eu, que estava resistente por assumir mais essa função na vida, fiquei com o cargo de suplente na área de pesquisa. Lá também entregamos ao representante do governo do Estado a carta que foi criada pelos circenses, apresentando nossas demandas.

E olha quem saiu na reportagem do jornal regional Gazeta do Sul.

http://www.gaz.com.br/gazetadosul/noticia/287524-encontro_com_quem_e_de_circo/edicao:2011-07-08.html

Projeto social e difusão artístico-cultural

Hoje mesmo fiz posts sobre nossa parceria com o Programa Integrado de Inclusão Social: um projeto engajado em, através de educadores sociais com formação em arte e esportes, intervir socialmente na realidade dos educandos.

Outra ação que destaco é a Rede Circense do Rio Grande do Sul, que desde 2009 vem se articulando para difundir as informações e aproximar os circenses, trabalho difícil, mas que nesse ano de 2011 ganha força como o Encontro Estadual das Artes Circenses. Hoje contamos também com a rede Circo Sul no facebook, favorecendo este contato.

E das nossas ações específicas, aproximando do público, seja onde ele estiver, temos o Projeto Arte Rodando por Aí, que você pode acessar neste link: http://www.canto.art.br/files/ArteRodandoPorAi.pdf   Se você quer levar circo, dança e teatro para o seu canto, veja aí e entre em contato.

Mas falando em canto, deixo para um próximo post.