Vídeo do espetáculo Coisarada

Olá, olá,

Entre tantas coisas para se dar conta nessa vida multicoisada, consegui finalizar a edição de três vídeos dos trabalhos do núcleo. Na ordem: Coisarada, Gestos e Restos e NECITRA 2011 – uma compilação dos trabalhos do núcleo no ano que se passou.

Estamos agora no processo de finalização das gravações e edição do videocirco “O que se passa na sua cabeça?”, mas na sequência falo mais sobre isso.

Sem mais delongas, que comece o espetáculo! 🙂

Registro da temporada…

Fomos realmente presenteados por três trabalhos incríveis de registro fotográfico, na temporada do ‘Coisarada’, desse final de semana que passou. Queremos agradecer a esses três artistas pelo cuidado e sensibilidade: MUITO OBRIGAD@! Para quem quiser conferir as fotos no Facebook é só clicar nos nomes:

De Viviane Bassols

De Daniel Teixeira

De Robson Ferreira

“Coisarada” no Teatro de Câmara, Porto Alegre

foto: Viviane Bassols

Acabou a curta temporada do espetáculo ‘COISARADA’  no Projeto Noites do Circo, no  Teatro de Câmara. Acabou o terceiro dos encontros com um público que encheu de prazer o nosso apresentar.

Tenho-me cansada. De olhos baixos, sigo para o camarim. Ainda sozinha, muita gente sobre o palco abraça, elogia, mostra sorrisos. Sento-me na cadeira branca e fina como minhas pernas tortas. Findou o dia, os ensaios apertados de agendas espremidas, os refletores enfileirados sobre nossos olhos vibrantes. Findou como suspiro de recém-nascido quando, enfim, resolve adormecer, pela manhã, nos braços de pais cansados pela noite em claro. E lá de dentro agradeço ao universo inteiro por esses encontros – pelo convite do Diego há dois anos para integrar o elenco e a ideia; pelo se aproximar de pessoas queridas; pelo meu resistir em trabalhar em grupo gostando tanto da solidão, mas ainda assim seguindo; pelo aproximar de mais pessoas; por ter tempo para olhar os olhos do público, agora a pouco, cada rosto pousado sobre o teatro em risos. Agradeço em silêncio, coração ainda vibrante enquanto abro lentamente os olhos.

Pela fresta da porta posso ver os abraços que ainda duram sobre o palco. Poucos conheço de Porto Alegre que vieram assistir além dos parceiros de palco e técnica: minha mãe, meu irmão, a mãe da Fê, amigas em comum (duas ou quatro), um senhor da Feirinha Ecológica do Brique que colore minhas manhãs de sábados e… findou-se a lista. Tantos sorrisos em rostos desconhecidos. Tantos abraços de corpos incógnitos. E penso quão sortuda sou neste meu embaralhar de lembranças, de um poder conhecer e trocar por olhares e graça, só.

Certa vez descrevi algo sobre esse meu andar, sobre esses sorrisos compartilhados que povoam minha memória reunindo pessoas de diferentes cidades, Estados, países em um mesmo ponto de encontro dentro de mim. Porque palhaçar não é sorrir junto? Nem do outro, nem só de mim, mas com o outro, de nossas mazelas, do patético que se externaliza em mim e que sinto ecoar dentro de cada um. Agora, deste ‘Canto’ que estou posso ouvir em lembranças as gargalhadas unidas em um só coro, dando sentido ao meu caminhar.

Sorrimos juntos nas três noites, e quão bom foi!  Jogando com o presente, ouvi ao final do terceiro dia comentários como “agora estou pronta para a semana, renovada” ou uma menina que seriamente me disse, ao final subindo no palco: “você é tão atrapalhada, né?! Erra sempre. Mas  quando você erra… (depois de um pensar)… você acerta também, né?!”. Devia ter sete anos a pequena, e constatava, após me abraçar, tal beleza revelada em mente infantil e doce de inocência.

Agradeço aqui a todo o elenco – ao Diego, por insistir; ao Psico, por estar junto; à Fezinha, por permitir que minha atrapalhação ganhasse contraste com sua beleza. À Juliana no som e ao Fernando na luz, dispostos e respirando com a gente, cena após cena. Ao Expinho, companheiro de anos, a percorrer o escuro em busca da melhor imagem. Ao pessoal que se dispôs a fotografar, enchendo-nos de imagens congeladas de momentos únicos. Ao Prego e todo o pessoal do Teatro de Câmara Túlio Piva e à comissão que aprovou o ‘Coisarada’ no Projeto (mesmo sendo única proposta apresentada de circo, foi-me dito: “isso não quer dizer que serão aprovados!”). Obrigado! E, claro, um agradecimento mais do que especial a todo o público que fez-se presente a jogar com a gente! Obrigado, obrigado, obrigado!

Levanto minha bunda magra da cadeira branca e vou tirar a maquiagem. Sigamos em frente, que o espetáculo não pode parar!

Entre temporadas

22:22 e começo a escrever este post. Gosto bem de números repetidos. A temporada do Gestos e Restos iniciou no dia 20 de abril. A temporada do Coisarada finaliza no dia 20 de maio. Um mês de temporada do NECITRA nos teatros de Porto Alegre. 15 apresentações. A primeira, meu solo, ‘Gestos e Restos’, num teatro mantido pelo estado, o Bruno Kiefer. A segunda, o ‘Coisarada’, com Genifer, Fernanda, Psico e eu, no Teatro de Câmara Túlio Piva, mantido pelo município.

Hoje, treino leve no encontro de malabares e música no Largo da Epatur e amanhã sigo em ensaio para as cenas do Coisarada, além da reunião do Colegiado Setorial de Circo, na CCMQ. Gosto muito do ‘entre’, como conceito. E espaço onde acontece muita coisa. A travessia do Guimarães Rosa… Por agora, estou entre as cobertas. 🙂

Boa noite de segunda a todas e todos. Deixo vocês com algumas fotos do ‘Coisarada’ e a lembrança de que esta temporada, de 3 apresentações, 18, 19 e 20, tem entrada franca (senhas uma hora antes).

O último final de semana

Amanhã é sexta-feira. Nas últimas três semanas tenho feito o mesmo percurso nas sextas, sábados e domingos, por volta das 16 horas: da minha casa para a Casa do Mario, de Cultura, no Teatro Bruno Kiefer.

Amanhã é a primeira das três últimas apresentações e, tão logo se acaba esta temporada já iniciaremos mais uma, do espetáculo Coisarada.

Então, uma retrospectiva dos registros dessa temporada e da anterior, de novembro do ano passado:

Começando pelo fim,

Fotos de Danny Bittencourt: http://dannybittencourt.wordpress.com/2012/04/28/gestos-e-restos/

Fotos de Gerson de Oliveira, Fernanda Boertoncello Boff e Tiago Expinho:

Crítica de Rodrigo Monteiro, da temporada de 2011: http://teatropoa.blogspot.com.br/2011/11/gestos-e-restos.html

E a divulgação desta e da temporada do Coisarada, agenda aí.

Até as apresentações, ou até a próxima postagem.

Boa noite!

Passou o terceiro final de semana da temporada do ‘Gestos e Restos’

E ainda falta um.

O corpo está cansado. O corpo está bem. Do corpo que é este todo, que sou eu e mais do que eu. Que quer o que quero, e às vezes não. Este corpo que tem que entrar comigo em cena, mas que cansado, teima em não deixar o camarim. Respiro e vou: é a fala da minha vó que me chama para a cena: “Antigamente, um ano, barbaridade, um ano… agora tu fecha os olhos quando tu abre os olhos e já passou um ano, uma ano passa rápido… mas porque… por esta agitação de agora… esta agitação de agora, a pessoa na pára…”

A pessoa não pára. A pessoa, a minha pessoa eu, não pode parar, como todo a pessoa. Ou pode? Paro em movimento, descanso em movimento. E a cabeça quase sempre agitada. E eu, tentando acalmar meu corpo. Mas esse corpo sou eu… Pode eu mesmo acalmar eu mesmo? Mas se eu sou eu, quem estou acalmando?

Para além do eu, meu corpo é uma convergência de energias, de olhares, que afeta e é afetado, como disse Deleuze. E é essa troca, creio eu, esta tensão que sustento em cena – para sustentar a cena- que mais me cansa. Talvez porque ainda faço muito esforço para isso…

Enfim, “foi até onde deu pra ir…”. Agora vou descansar, contente após a nona apresentação desta temporada, deste solo tão frágil quanto meu corpo.

Tem gente que quer ser forte, bonito, sério… que quer dizer, mostrar, questionar… disso tudo eu procuro os restos e, para isso, preciso me agachar, preciso me recolher, preciso me encontrar nessa vida nossa de cada dia, em cena ou não, aceitando as fragilidades de ser. Creio que aceitar ser fraco é demonstração de muita força, lapidada pelas quedas. Ainda tenho muito por cair.

Boa noite!

Temporada do Gestos e Restos estreia hoje!!

Amigos, amigas, amigos de amigos e inimigos de qualquer um,

Hoje, dia 20, às 20 horas, estreia a temporada do meu solo, o Gestos e Restos. É o trabalho que se desenvolveu junto com a criação do núcleo, e anda, pouco a pouco, amadurecendo. Não vou escrever muito, pois a escrita, esta com pressa, tem um algo de gesto: um que prima pela eficiência (neste caso, para comunicar). Os restos, o que se daria por uma escrita mais atenta, calma, e talvez até descomprometida, não cabe a esta hora de corpo inteiro cansado – corpo que cria, ensaia, treina e leva a kombi para o conserto. Deixo então algo de resto para o olhar de quem olha, por cá o vídeo nosso, promocional da temporada e, quiça, por lá, no teatro. Todos convidados a compartilhar mais um pouco da história deste núcleo, que de resto em resto, pelos cantos, cria uma composição de ser – de autonomias individuais, comprometidas com construções coletivas. Já disse alguém quando alguém pisou na lua: um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para um coletivo! Ou algo genérico.

Sono. :o)

Quiça, até lá!!!

p.s: assista o vídeo em alta qualidade.

 

Após o 38º ENAPEF…

Passados três dias em Tramandaí, mais três dias em Porto Alegre, e então me sento para escrever.

Em resumo, os últimos seis dias passei da seguinte forma: quinta pela manhã, deixei o material para o evento Moderna Idade, na PUC (onde ministramos vivências circenses para a 3º Idade, na sexta e sábado), e pela tarde tomei o ônibus para Tramandaí. Nesta noite, e nos dias seguintes, até sábado, estive no 38º ENAPEF, ministrando o curso As Técnicas Circenses e a Educação Física, e acompanhando as outras atividades. No domingo, retornei a Porto Alegre, com outros professores que seguiram para São Paulo. No mesmo domingo, pela tarde, participei do Donna Fashion, auxiliando a Palitolina em sua tentativa de desfile. Ontem, passei o dia trabalhando em produções e hoje, consultando um médico para descobrir o motivo da dor abdominal, minha fiel companheira de meses, e também ensaiando. Agora cá estou, tentando por os pensamentos em ordem e deixar por aqui o que mais importa. Eis então a questão: mas e o que é que mais importa?

O que importa, no sentido de importante, é o que importamos para dentro, no sentido de guardar conosco. Importante explicação sobre o importar, que aprendi com Mário Sérgio Cortella. E o que então, eu tenho importado?

Tenho importado, aos poucos, pacientemente, a paciência. A aceitação de que não importa quanto eu me importe com a pressa: o tempo tem o seu tempo! Tenho importado que apesar da espera ser necessária, eu posso esperar parado, ou posso esperar em movimento. Tenho aprendido a importância de saber esperar ativo e paciente. Tenho importado os paradoxos da vida. Tenho importado o conviver com os outros, tantos outros, tantos diferentes. Medido a minha intenção, as minhas projeções no trabalho coletivo, com os quereres e as iniciativas dos demais. Importando atento os comportamentos, aprendendo a dialogar com a vida e com os que nela estão. Porque talvez o que mais importe seja justamente esses encontros, e esses que passam, caminham conosco, independente do tempo, mas com aceitação e intensidade. Aceitação, o que mais tenho tentado importar, provavelmente.

Importa-me muita a família, claro, que mais ou menos distante me acompanha, devido a agenda corrida. Importa os que dividem comigo as ideias, as vontades e as ações da Canto e NECITRA. Os que dividem comigo o dia a dia, o meu bom humor, o meu mau humor. Importa dividir, compartilhar.

Encontrar, dividir, compartilhar e então importar, carregar para dentro do corpo. Optei por escolher um caminho de arte e de educação. De criar e pensar como compartilhar esses processos, promovendo encontros, para talvez criar momentos importantes, no sentido de que estes, que dividiram momentos comigo, possam importar algo desta convivência, mesmo que curta.

Assim, foi, para mim, os três dias que passei no ENAPEF.

Durante um bate-papo, no último dia, falei do significado da Alegria, em Espinoza, como a potencialização do ser. E foi assim que retornei para Porto Alegre, mais alegre, potencializado. Espero que tenha promovido momentos importantes para os colegas educadores físicos que conviveram comigo nestes dias de curso, tanto quanto à mim foi demais importante a aceitação e a motivação com que me receberam neste curso. Ao que sou muito grato.

Curso “As Técnicas Circenses e a Educação Física” no ENAPEF – Encontro Nacional dos Estudantes de Educação Física

Cá estou, em Tramandaí, no 38º ENAPEF. Hoje, o segundo dia do curso “As Técnicas Circenses e a Educação Física”. Ontem, no primeiro dia, 36 inscritos. Gente muito interessada, anotando e filmando tudo. E eu, feliz por dividir com colegas educadores físicos, um pouco do que tenho estudado e criado nas oficinas, nos experimentos cênicos, na vida.

 

Faz seis anos que me afastei da Educação Física, enquanto instituição, enquanto discurso, para me inserir no campo da arte. Mas sempre trouxe a educação física comigo, e os conhecimentos que adquiri neste período de formação e práticas, sempre foram indispensável ao meu fazer, me permitindo um olhar atento a detalhes técnicos, sobretudo com relação a anatomia, a biomecânica e a pedagogia. O encontro intenso com a arte, por outro lado, me proporcionou um olhar mais amplo, e ao mesmo tem focado, na criação, na subjetividade. Me instigou um afastamento da objetividade técnica em direção ao caos.

 

Esse curso vem justamente num momento onde estou a tentar unir estes dois Diegos, o artistas e o educador físico: esse olhar voltado para a criação e o outro, voltado para a técnica, para a repetição. Provavelmente passarei a vida a fazer isto. Só espero que cada vez com maior desenvoltura.

Tubo de Ensaio – 1ª Edição

“Não sei, só sei que foi assim”. A frase do célebre personagem Xicó, em O Auto da Compadecida,  dá conta de expressar o que foi, ao meu ver, a primeira edição do Tubo de Ensaio. Me esforcei ao máximo para permitir que as coisas acontecessem, sem tentar direcioná-las. Ao mesmo tempo em que tentava estar atento para “segurar” o que parecia ser merecedor deste esforço. E assim foi. E neste ido, claro, se perde muita coisa (sempre se perde!). Mas a palavra vícios, que virou bordão em nossos ensaios, era sempre lembrada por mim, no sentido de tentar evitá-los. Mas eles estavam ali, claro, os vícios cênicos. Contudo, discriminar entre vício e referência, entre memória e dependência, é nada fácil.

Acredito que as criações para o próximo Tubo, ainda sem data, precisam ser mais intensivas. Sacudir o corpo todo (que inclui a mente, é sempre bom lembrar…), e com força, de modo que só permanece preso o que for da alma… Aliás, corpo, alma, mente, palavras a serem pensadas…

Não sei, sei que foi assim…