Construindo fazeres

Gostoso poder estar rodeada de pessoas queridas que queiram pensar sobre as coisas que andamos produzindo. Na última reunião que fizemos, além do ar caseiro pairando na atmosfera graças à excelente anfitriã Ana Carolina, discutimos um ponto que me é querido, ao falarmos de criação artística, que é justamente como fazemos o registro dos processos criativos. E entre textos, livros, comentários pautados pelas experiências latentes dos corpos que ali estavam fomos tecendo ideias e fundamentos que determinam as nossas escolhas éticas e políticas como artistas. Ao mesmo tempo em que a discussão pairava no universo das ideias sempre estávamos retomando ao nosso próprio umbigo, a nossas experiências e muitas vezes na falta (também) de registro dentro do Núcleo. Um fim de tarde que nos convida a pensar no registro como algo inerente a prática artística, como uma proposta que potencializa o fazer, como documento histórico, material de reflexão e que deve ser construído pelas mais diversas formas.  Obrigada aos presentes por este momento tão relevante e maduro. E para vocês que acompanham este meu breve relato espero em breve poder compartilhar essas formas repletas de textura que emergirão dos corpos criativos que habitam o Necitra.

reunião

 

 

Desdobramentos no Projeto Quartas na Dança

O NECITRA foi selecionado com o espetáculo Desdobramentos pelo projeto Quartas na Dança, do Centro de Dança da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre , para compor o repertório da mostra desse ano. Desde abril, um espetáculo tem se apresentado por mês, e no próximo dia 09 de julho, às 20h, é a vez do Desdobramentos receber o público no Centro Municipal de Cultura.

O espetáculo Desdobramentos se desenvolveu a partir do programa continuado e independente, de mesmo nome, que tem como objetivo promover e potencializar as pesquisas cênicas dos artistas que compõem o NECITRA, através de um método compartilhado de trabalho. Tal programa acontece de forma permanente na Casa Cultural Tony Petzhold, local onde são realizadas as principais atividades do núcleo. Para este espetáculo, o grupo propõe um novo olhar aos processos que vem se desdobrando desde o início de 2013 e busca um diálogo entre estas criações. Utilizando como principais referências a dança, o circo e o teatro, o trabalho leva para a cena, e para as intervenções, uma mescla de coreografia, improvisação, jogo e interação com o público.

 Ficha técnica:

Coordenação: Diego Esteves | Direção: coletiva | Criadores intérpretes: Caroline Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Fernando Faleiro, Gabriel Martins, Paola Vasconcelos e Ramon Ortiz | Operação de Luz: Fernando Faleiro | Operação de som: Iassanã Martins | Produção: Canto – Cultura e Arte | Produtores responsáveis: Fernanda Boff e Fernando Faleiro | Designer: Braunny Lopez | Assessoria de imprensa: Nayara Brito | Fotografia: Yamini Benites e Martha Reichel Reus

Ingressos a R$10,00 – 50% de desconto para estudantes, idosos e clube assinante ZH

Fotografias: Yamini Benites e Martha Reichel Reus

50 Tons de movimento

Nessa pesquisa, o interprete se coloca disponível para o público criar uma sequencia coreográfica. Essa obra tem como objetivo colecionar 50 movimentos, representando a passagem de cada espectador. O espectador está convidado a ensinar ao interprete um movimento. A forma de ensino fica a critério do criador. Podem ser utilizadas sugestões, metáforas, clichês, ideias ou ensinar corporalmente o movimento. Depois que o artista aprender, deve-se colocar a descrição do movimento na tabela posicionada em frente a obra.

Nessa edição, a ordem das palavras pode ser mudada, criando assim uma nova sequencia a cada movimento novo.

Tragam suas ideias de movimento, de preferencia com bastante desafio!!! = )

Imagem

Grande abraço!!!

Fernando Faleiro

caçar&comer

 

Estava pensando quando foi que eu comecei a me interessar sobre os assuntos relacionados a sexualidade, gênero, rua e principalmente prostituição. Estava convicta de que havia sido no ano passado em Amsterdam, na Red Light, mas não. Foi muito antes, com as personagens Malena (Monica Bellucci), de Giuseppe Tornatore, com a Cabíria (Giulietta Masina), de Federico Fellini, com a Geni – a do zeppelin – do Chico Buarque e com algumas personagens da vida real.

O assunto prostituição estava tomando tamanha importância que, de tanto falar sobre, ganhei o livro Devir Puta, escrito por José Miguel Nieto Olivar e a partir dessa leitura resolvi que queria levar de alguma forma esse assunto para a cena. Falar das prostitutas e de sua profissão – ainda não legalizada no nosso país.

Essa pesquisa cênica intitulada Caçar e Comer – dirigida por mim – está recém engatinhando, e junto comigo está a minha parceira de cena Carol Mendes assinando a coreografia e a Jacqueline Pinzon na orientação cênica.

Foto1: Iassanã Martins Foto2: Yamini Benites

Dias de Chuva…

Poderia falar sobre o tempo,

sobre a chuva,

sobre os dias que me passam como vento,

sobre o som … sobre o som dos pingos da chuva no telhado

sobre trovões que me acordam na madrugada anunciando que o tempo lá fora muda,

molhando as roupas no varal…

Poderia falar sobre as janelas,

abertas ou fechadas,

sobre sapatos nas janelas

sobre pés molhados,

descalços…sapatos

sobre guarda-chuvas,

sobre guarda-chuvas perdidos, esquecidos… ou abandonados.

Poderia falar sobre a minha vida ou sobre a sua.

Projeto “Dias de chuva…” propõem uma reflexão sobre o cotidiano, como os ciclos da natureza interfere nas nossas vidas, como estamos ligados ao todo. A pesquisa se iniciou a mais ou menos 2 anos com alguns experimentos em apresentações, em seguida foi abandonada .Agora retomada junto ao núcleo de estudos NECITRA, apresentado por Karine Rico, com a colaboração de Braunny Lopez e Lidiane Santiago. Mescla expressão corporal com técnica de malabarismo, manipulação de objetos, jogando com elementos clássicos do circo e inusitados como no caso um guarda-chuva.

Assim vai se desdobrando aos poucos, agora nesta próxima edição do DESDOBRAMENTOS.

10414610_685553354834798_4559927017386322804_nFotografia: Yamini Benites

 

 

 

Os movimentos e as emoções

Os movimentos e as emoções

Mapa das emoções relaciona áreas do corpo com cada emoção

Pesquisadores finlandeses criaram o primeiro mapa que aponta em que lugar do corpo as emoções humanas se manifestam.

Cada emoção parece despertar reações em diferentes áreas do corpo, independentemente do fato de as pessoas terem culturas diferentes.

“As emoções não ajustam apenas a nossa saúde mental, mas também nossos estados corporais. Desta forma, nos preparam para reagir rapidamente frente aos perigos, mas também diante de qualquer oportunidade que o ambiente nos ofereça, como uma interação social prazerosa”, disse Lauri Nummenmaa, da Universidade de Aalto.

Colorindo as emoções

Para o estudo, os cientistas realizaram cinco experimentos com 701 pessoas.

Os voluntários deveriam localizar em que lugar sentiam o efeito de uma série de emoções básicas como raiva, medo, nojo, felicidade, tristeza ou surpresa, e outras mais complexas como ansiedade, amor, depressão, desprezo, orgulho, vergonha e inveja.

Os participantes tinham que colorir em uma figura humana as zonas que se ativavam mais ou menos enquanto ouviam as palavras que designam cada uma destas emoções.

O vermelho era usado para marcar as áreas de maior atividade e o azul, as com menos sensações.

Os cientistas então observaram uma grande coincidência, acima de 70%, das áreas coloridas.

Para garantir que estes mapas não dependiam da cultura ou idioma dos voluntários, os cientistas repetiram os exercícios em três grupos com nacionalidade diferentes: finlandeses, suecos e taiwaneses.

Mesmo assim as coincidências foram observadas, levando à conclusão de que as respostas físicas às emoções podem ser universais.

Amor e alegria

Segundo o mapa das emoções, as duas emoções que causam uma reação corporal mais intensa e em todo o corpo são o amor e a alegria.

Também é possível ver que, no geral, todas as emoções básicas ativam sensações na parte superior do corpo, onde estão os órgãos vitais e, principalmente, na cabeça.

“Observar a topografia das sensações corporais disparadas pelas emoções permite criar uma ferramenta única para a investigação das emoções e pode até oferecer indicadores biológicos de transtornos emocionais,” afirmaram os cientistas em seu estudo.

Variação 1

 

Eu - variação 1
Crédito fotos: Yamini Benites

Na ausência de Mestres é o título da pesquisa que propus compartilhar com o núcleo e o público nesta 5ª edição do Desdobramentos. A ideia central surgiu durante a Mostra de Dança Rumos Itaú Cultural, quando assisti um trabalho onde a bailarina repetia muito em sua fala a relação com seus mestres, na sua formação e para o trabalho que apresentava ao público.

Com essa pesquisa pretendo encontrar a dança que transita por mim, dos movimentos (ou maneiras de se movimentar) que me apropriei durante os anos, e na busca por outros que me afetam nas pesquisas que tenho feito, em coisas que tenho visto. Não significa que esse processo esteja ausente de influências, e de mestres, como refere o título, mas relativiza os discursos que validam A Dança, sob a tutela Do Mestre, e busca uma abordagem que, sem negar tantas influências, encontre uma forma de ser entre elas.

Assim como Mario Quintana, tenho saudade das ruas por onde nunca andei, mas também das danças que nunca dancei.

Com essa abordagem, me projeto em direção ao passado, trazendo movimentos do Taekwondo, arte marcial que pratiquei por quinze ano, por exemplo, e ao futuro, em direção aos movimentos que quero que sejam do meu corpo também.Eu - variação 1 - 2

Para o que me cabe agora, no início deste processo, sistematizei uma cena  sob o título “Variação 1”. Ela será apresentada junto a projeções de vídeos captados em improvisos e repetições de células criadas durante o ensaio.

Essa pesquisa, de certa maneira, se iniciou no Grupo Experimental de Dança, quando em 2010, criei o solo “Variações sobre o equilíbrio”. Abaixo segue o vídeo deste e de trabalhos que tem me influenciado.

 

Despertando

Despertando

Como as emoções movem você?
Como um aroma, gosto, som ou toque pode mover seu corpo, sua alma e a tua imaginação.
Pesquisa de movimento partindo de estímulos sensoriais.

Saiba mais aqui
Direção: Lidiane Santiago
em cena: Brauny Lopes e Juliana Werner
Pitacos: Fernanda Bertoncello
Apoio: Paola Vasconcelos