20 horas da quinta-feira, pausa para o lanche.
Fiz da minha sala uma sala de ensaio, agora oficialmente, após reestruturar todo o espaço. Do lado de cá, junto ao quarto, fica o escritório, com documentos, livros e este computador. Aqui, após vir da cozinha, acabei de fazer um lanche enquanto assistia ao vídeo deste cara: Patrik Elmert. Ele esteve na última Convenção Brasileira de Circo, a qual não estive presente. Já havia assistido alguns vídeos onde ele atua com seu parceiro, também totalmente fora do comum, Wes Peden.
Neste vídeo em específico ele apresenta um ato, uma cena, com clavas e aros. São oito minutos de truque com desenvoltura, ritmo, limpeza de movimentos e NENHUM erro. Além disso, tem uma bem pensada estrutura que suporta os aparelhos malabarísticos e que, acionadas por movimentos mecanicamente simples, inserem os aparelhos no jogo, ao encontro do malabarista.
Limpo, preciso, consistente. Mostra muito, sem mostrar demais. Um contra ponto, para tornar mais claro o que estou apontando, é uma apresentação do Wes, que em algum momento passa a ser cansativa, não se sustenta tão bem, ao meu ver, como o trabalho do Patrik. Provavelmente a própria estrutura simples que sustenta os aparelhos e que introduz o início de cada jogo, bem como as pausas e movimentos de equilíbrios, além da luz e palco, como poderão perceber, fez a diferença entre um trabalho e outro já que, tecnicamente, os dois são referência para qualquer malabarista.
Indo um pouco mais para a qualidade dos movimentos, para mim há uma grande diferença, ao menos nesses dos vídeos: Patrik parece receber e aceitar os objetos, jogando com eles de um forma mais harmoniosa, mudando a sua trajetória, mas no momento certo, como que sentindo o peso, o tempo de cada movimento: como que também sendo mudado por eles. Já Wes me dá a impressão de ser o sujeito sobre o objeto, aquele que domina, que controla, que bruscamente muda a estrutura, o tempo, o ritmo, projetando na cena, nos movimentos, talvez seu ritmo interno, seu querer, controlando o jogo. São duas formas de jogo, duas formas de controle, uma me parece ser mais precisa, no tom certo de cada momento, a outra me parece exagerada, forçada, quase tensa, ou tensionada.