Conforme apresentamos em nosso Manifesto, o NECITRA é “um espaço virtual de encontros e apoios entre artistas e técnicos, de traçados que conectam indivíduos humanos com ideias, imagens, objetos, memórias, etc. Espaço como um campo de forças, um campo potencial, que se atualiza em dado lugar, num espaçotempo específico que condiciona as possibilidades destes fazeres experimentais, em pesquisas, criações, espetáculos, vídeos, textos, etc”. Portando, as montagens aqui apresentadas não tem o NECITRA como autor, mas sim os indivíduos que compartilham seus processos de pesquisa neste espaço, fazendo dele o suporte que potencializa estas criações.
Um espetáculo Enquanto o novo espetáculo não vem? Ou uma espera? Uma espera em cena?
Essa noção de espetáculo, que precisa estar pronto, ou que porque precisa estar bem amarrado entre concepção, cena, sentidos… ou simplesmente porque precisa dar conta dos prazos constantes em edital… qual a precisão de precisar?
O que aqui está, e está sendo, enquanto o novo espetáculo não vem, são movimentos: é querer movimentar o movimento, mover afetos, os corpos, vontades, ideias, processos: o que move o artista, e escorre, o que o leva para fora, e o que atravessa este dentro.
Expor o que ali está, os corpos, o que se tem, o que se é, no momento.
Enquanto o novo espetáculo não vem é a criação de um território, uma obra tal qual uma exposição de quadros singulares, que não precisam de uma ligação entre si, ainda que sob uma mesma exposição e ainda que, no processo criativo e pesquisa do artista, converjam diversas linhas e pontos: na concepção, seus conceitos, afetos e/ou movimentos resultantes e insurgentes.
Processo como potência, como manifestação mais intensa da arte. Enquanto o novo espetáculo não vem é um exercício de desapego com a forma acabada e um investimento no movimento – formas em ação. É não querer ficar pronto, mesmo que estando sempre preparado, disposto. Movimento. Uma obra, uma dobra, sempre outro.
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Concepção, direção e atuação: Diego Esteves Trilha sonora: Bruno Angelo Operação de luz: Fernanda Boff Operação de som: Wagner Goulart Operação projeção: Fabricio SorticaRegistros em vídeo: Martha Reichel Reis Edição de vídeo: Diego Esteves
Jogos de Transportar surgiu como exercícios para a pesquisa de movimentos e das possibilidades de deslocamentos a partir da condução e equilíbrios entre dois ou mais corpos. A performance acontece com um jogo preestabelecido, se dividindo em duas tarefas centrais e seus desdobramentos. Numa a artista permanece o tempo inteiro sobre o corpo do parceiro sem nunca poder tocar o chão: os dois se deslocam pelo espaço seguindo sempre esta regra. Na segunda, propõe-se movimentos com objetos “presos” aos corpos, limitando a mobilidade articular e ao mesmo tempo ampliando possibilidades a partir desta relação.
A pesquisa tem referência no circo e na dança: contato improvisação, equilíbrios acrobáticos e malabarismo.
Uma caixa – e tudo o que pode caber dentro, um acordeon e um corpo – e tudo o que pode ser. Coisas que entram em cena. E a brincadeira se inicia, propondo um olhar para a invenção – que passa pelo desafio de experimentar até onde pode ir as possibilidades de um corpo. Se jogam na cena chapéu, colete, canos, bolas, monociclo, mais bolas, bolhas e bonecos… e jogam com o artista e com o público.
Uma obra que através do movimento e poucas palavras trata da seguinte questão: o que pode um corpo? Parte-se do preceito de que os sujeitos se portam de acordo com o lugar e as funções que assumem na sociedade, para pensar nos restos como as possibilidades imanentes a este ser. Para pôr tal questão em cena, o espetáculo usa técnicas de circo, dança, teatro e música experimental: malabarismos, equilíbrios, acrobacias, dança contemporânea, texto e percussão.
O espetáculo ganhou o Prêmio FUNARTE Carequinha de Estímulo ao Circo 2009 e foi um desdobramento de um projeto vencedor do Prêmio de Montagem ou Renovação de Números Circenses da FUNARTE 2008.
Concepção, direção, coreografias e atuação: Diego Esteves Trilha original: Yanto Laitano Cenografia: Diego Esteves e Karla Dufech Figurino: Diego Esteves e Genifer Gerhardt
O Desdobramentos foi um projeto coletivo, continuado e independente, que englobou as pesquisas artísticas de todos os integrantes do NECITRA entre os anos de 2013 e 2015. No intuito de compartilhar com o público nossas produções, criamos um evento/espetáculo, de mesmo nome. Tais pesquisas tiveram como fonte principal para criação o circo, a dança e o teatro, mas são também permeadas pelo vídeo, artes visuais e música.
O projeto nasceu como uma proposta do núcleo para a ocupação em parceria com a Casa Cultural Tony Petzhold, onde ocorrerão as sete primeiras edições. As três últimas edições ocorreram na ocupação Canto 400, na Usina do Gasômetro. Outras quatro edições, chamadas de edições especiais, ocorreram no Nocaut Pub, Teatro Renascença, El Pasito Pub e Teatro Glênio Peres.
Coordenação do projeto e direção geral das edições: Diego Esteves
Criação, produção e apresentação: Ana Cláudia Bernarecki, Béthany Martínez, Carol Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Fernando Faleiro, Gabriel Martins, Ludmila Piva, Mariana Konrad, Paola Vasconcelos e Ramon Ortiz Alunos da oficina: André Dresseno, Júlia Gonçalves, Lívia dos Santos e Martha Reichel Reus Participação: Felipe Soares e Paula Finn Apoio: Alfredo Bermúdez (Psico), Alvaro Martinez, Ana Klacewicz, Fábio André Rheinheimer, Fabricio Sortica e Genifer Gerhardt Discotecagem: Rodrigo Sandina
2ª ed. 27 de julho de 2013
Criação, produção e apresentação: Alfredo Bermúdez, Ana Cláudia Bernarecki, Béthany Martinez, Caroline Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Fernando Faleiro, Gabriel Martins, Paola Vasconcelos, Pryia Mariana Konrad, Rafael Gomes e Ramon Ortiz Participação Especial: Caroline Martins
3ª ed. 05 de outubro de 2013
Criação, produção e apresentação: Alfredo Bermudez, Ana Bernarecki, Béthany Martinez, Caroline Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Fernando Faleiro, Gabriel Martins, Ludmila Piva, Paola Vasconcelos e Ramon Ortiz
Participação Especial: Giovani Vergo e alunos da oficina de arte circense para crianças
4ª ed. 07 e 08 de outubro de 2013
Criação, produção e apresentação: Béthany Martinez, Caroline Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Fernando Faleiro, Gabriel Martins, Ludmila Piva, Paola Vasconcelos e Ramon Ortiz
Participação Especial: Giovani Vergo, Thais Petzhold e Robson Duarte
5ª ed. 07 e 08 de junho de 2014
Criação, produção e apresentação: Ana Bernarecki, Ana Klacewicz, Béthany Martinez, Braunny Lopez, Caroline Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Fernando Faleiro, Jaqueline Pinzon, Julia Ludke, Juliana Werner, Gabriel Martins, Karine Rico, Lidiane Santiago, Paola Vasconcelos e Ramon Ortiz
Participação Especial: Nayara Brito
6ª ed. 12 de dezembro de 2014
Criação, produção e apresentação: Ana Bernarecki, Ana Klacewicz, Béthany Martinez, Braunny Lopez, Caroline Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Genifer Gerhardt, Giovana Consorte, Julia Ludke, Juliana Werner, Gabriel Martins, Lia Motta, Lidiane Santiago, Paola Vasconcelos e Ramon Ortiz
Participação especial: Ana Menezes, André Moreira, Ana Carolina Teixeira, Patricia Martins, Pedro Menezes, Monica Britz, Eliza Cornely, Julia Saldanha e Martha Reichel – alunos da oficina Arte Circense prof. Diego Esteves
7ª ed. 09 de maio de 2015
Criação, produção e apresentação: Ana Klacewicz, Ana Bernarecki, Caroline Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Iassanã Martins, Gabriel Martins, Juliana Werner, Paola Vasconcelos e Ramon Ortiz
Apoio: Rômulo Ferreira, Nina Eick, Lizandra Bulgaro e Patricia Nardeli
Participação Especial: Mariano Rocco e Ana Vasconcelos
8ª ed. 18 de julho de 2015
Criação, produção e apresentação: Ana Klacewicz, Caroline Mendes, Diego Esteves, Fernanda Boff, Iassanã Martins, Ramon Ortiz, Patricia Nardelli e Lizandra Bulgaro
Participação Especial: Jeroquis, alunos Bruno Menezes e alunos da oficina Corpo de Bueiro de Samira Abdala
9ª ed. 19 de setembro de 2015
Criação, produção e apresentação: Ana Bernarecki, Béthany Martínez, Paola Vasconcelos, Diego Esteves, Patrícia Nardelli, Nina Eick, Fernanda Bertoncello Boff e Rômulo Ferreira
Participação Especial: Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre
10ª ed. 21 de novembro de 2015
Criação, produção e apresentação: Béthany Martínez, Fernanda Boff, Caroline Mendes, Diego Esteves, Gabriel Martins, Paola Vasconcelos e Ramon Ortiz
Uma composição com técnicas, memórias corporais e personalidade de três artistas que se misturam nesta coisarada, uma Mistureba. Entre uma cena e outra, os artistas transitam entre estados corporais, ritmos musicais, contextos e conflitos diferentes, amparados no circo, mas transitando pela dança, pelo teatro e pela música – numa busca pela transversalidade, mote de trabalho do NECITRA.
Concepção e direção: Diego Esteves Intérpretes criadores: Ana Bernarecki, Gabriel Martins e Ramon Ortiz Trilha original: Bruno Angelo
Cenografia: Felippo Cauc e Diego Esteves Figurino: o grupo Ensaidora: Paola Vasconcelos Operação de luz: Fernanda Boff Operação de som: Paola Vasconcelos
Coisarada – que no dicionário de Porto-Alegrês significa “mistura insensata de coisas, ou conjunto muito vasto de coisas, ainda que homogêneas” – é um espetáculo que une circo, dança, teatro. A proposta mistura tudo: acrobacias, música, malabarismos, dança contemporânea, palhaça, equilíbrios, teatro de bonecos, entre outras coisas, coisaradas…
Concepção e direção geral: Diego Esteves
Elenco:
Alfredo Bermúdez
Diego Esteves
Fernanda Boff
Genifer Gerhardt
Tubo de Ensaio é um projeto de pesquisa e criação cênica, desenvolvido com os integrantes do NECITRA, em espaços cotidianos. Teve duas edições realizadas entre 2011 e 2012.
Concepção e direção geral: Diego Esteves
Edição de 2011: Dhomba.
Elenco: Alfredo Bermúdez, Diego Esteves, Fernanda Bertoncello Boff, Genifer Gerhardt, Juliana Rutkowski, Juliano Freitas, Kalisy Cabeda e Rafael Gomes.
O circo se faz em qualquer lugar, assim como a dança e o teatro. Todos os três tem sua essência no movimento, no corpo que age, e age em um espaço. Nem sempre existiram salas de teatro, nem palco, nem lona, tampouco picadeiro. Mas sempre existiu o movimento.
Na estruturação de um campo de conhecimento, ele se instrumentaliza, e essas ferramentas passam a ser sua mediação com o mundo: aparelhos, palco e cenografia. As artes cênicas, por criarem esses artifícios – que dão forma a cena – se afastaram da vida – ao menos de uma certa concretude dela. O movimento contemporâneo, com as artes da cena, mas também com as artes visuais, vem quebrando com esta forma: desde a quarta parede, até o questionamento da presença ou não de um palco, ou mesmo de uma cena.
O Tubo de Ensaio é um projeto do NECITRA, quem tem uma dupla função: trazer os corpos, cheios de referências do circo, dança e teatro, para a concretude do espaço e, sobre ele criar, bem como usar este momento como um laboratório, um exercício para futuras obras.
Acreditamos numa arte que se faz no cotidiano, na criação oriunda das “pequenas” coisas, de cada instante – que são do tamanho da atenção do olhar. O Tubo de Ensaio é então o momento em que nos fechamos num pequeno mundo, para exercitar o nosso olhar e nosso movimento sobre as coisas cotidianas deste espaço, e com isso pensar nossa arte e nossa relação com a platéia.
Reportagens e mais vídeos sobre o processo da 1ª edição: