Tudo que vai, volta.

Bom, nem tudo, claro. Já dizia o provérbio chinês: “Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.” Mas, aqui, nessa proposta de investigação, o movimento só vale se for… E depois voltar.

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“Tudo que vai, volta”, na verdade, nem chega a ser o nome desse trabalho, é mesmo um motivo de movimento. Uma tarefa, uma restrição, um mote. Pode chamar como quiser. A curiosidade é por encontrar possibilidades de reversão do movimento. Nesse sentido, o vídeo se tornou uma ferramenta muito importante dentro do estudo: ver o movimento revertido virtualmente trouxe também novas qualidades para esse corpo que se move e, além disso, foi possível notar que alguns “tipos” de movimentação se tornam mais instigadores no retroceder do que outros.

O processo ainda é longo, visto que o nível de precisão desses movimentos é bem alto: acumulação, relação com a gravidade, direções no espaço, tônus, mudança de ritmo/velocidade, etc. Nesse caminho, conto com a colaboração e orientação da Paola Vasconcelos, da Julia Ludke, do Fernando Faleiro e do Diego Esteves, aos quais agradeço desde agora por terem aceitado meu convite. Nessa 5a edição do DESDOBRAMENTOS, apresentarei um primeiro fragmento desse trabalho que se pretende longo e minucioso.

Abaixo, algumas das referências e inspirações:

Apoio cultural

Para esta quinta edição do Desdobramentos, contamos com o apoio cultural do Canal Você, que circula pelos ônibus da Carris e no Trensurb aqui em Porto Alegre.

Fique atento à telinha quando estiver usando um desses meios de transporte e não perca o evento-espetáculo que acontece no próximo final de semana!

5° DESDOBRAMENTOS 
07 e 08 de junho, 19h
Casa Cultural Tony Petzhold
R$20 e R$10

 

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Afinal, o que é o Desdobramentos?

O Desdobramentos é um projeto coletivo, continuado e independente, que engloba as pesquisas artísticas de todos os integrantes desse núcleo. No intuito de compartilhar com o público nossas produções, criamos um evento, de mesmo nome, e é justamente este evento que vai acontecer nos dias 07 e 08 de junho, em sua 5ª edição. Tais pesquisas tem como fonte principal para criação o circo, a dança e o teatro, mas são também permeadas pelo vídeo, artes visuais e música, por exemplo.

O evento Desdobramentos é dividido em três momentos. A partir das 19h a Casa Cultural Tony Petzhold (Av. Cristóvão Colombo, 400) abre suas portas e o público é convidado a transitar pelos seus espaços: em diversos cantos, diversas propostas artísticas de habitá-los. No segundo momento, que inicia às 20h, o público é orientado para se dirigir ao Teatro Olga Reverbel, localizado nos fundos da Casa, onde assistirá a uma série de cenas, independentes e articuladas: um espetáculo-mostra. E, para fechar a noite com chave de ouro, todo mundo coloca o esqueleto para mexer: uma festa que, dessa vez, vai ter uma sabor super especial… A comemoração do quinto ano do NECITRA!

Além disso, estará aberto também o Café Livry, com um cardápio especialmente preparado para o evento: comidas e bebidas típicas de inverno. Huuum! Sério, não dá para perder. Coloca aí na agenda e vem!

Porto Alegre | RS.

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Um pouco da memória dos 5 anos

 

O NECITRA está de aniversário neste mês de maio. Durante os últimos anos produzimos alguns espetáculos, oficinas, vídeos…

E para comemorar estes 5 anos de trabalhos coletivos e ininterruptos, nada melhor do que compartilhar com o público um pouco das pesquisas atuais, na 5ª edição do Desdobramentos, que ocorrerá em breve.

Mas, enquanto isso, e depois, vamos relembrar alguns dos feitos deste grupo durante este período. Para começar, vou compartilhar vídeos de um dos projetos que foi muito importante para o amadurecimento técnico, artístico, pessoal e coletivo dos integrantes: o Tubo de Ensaio.

Este projeto, que teve como objetivo central experimentar e criar em espaços alternativos, nos levou para uma 1ª edição, que ocorreu no antigo Dhomba Pub, na cidade baixa.

Ainda como uma câmera bem simplória, esse foi o nosso primeiro vídeo divulgando o projeto:

O primeiro experimento:

Mais um vídeo publicado, este como registro do processo, cortejo e intervenções que fizemos pela Cidade Baixa para divulgar:

E depois de quatro meses de criação, eis o resultado:

😉

 

Diálogos Constantes entre CORPOS/OBJETOS

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Como falar de um grão de areia no meio do deserto? É assim que me encontro ao tentar expor o processo que venho desenvolvendo este ano no Necitra. Acho importante situar que, desde final de 2012, ao conhecer o malabarista/bailarino Gabriel Martins (também integrante do Núcleo e hoje em dia meu principal colaborador) venho buscando pensar a relação entre os corpos e os objetos. Pensando nesse encontro através de uma perspectiva de diálogo entre corpos, nos quais não existiriam sobreposições de poderes entre um corpo ou outro. Essa ideia vem permeando meu trabalho artístico algum tempo, seja na minha proposta de pensar e dançar o tango e agora esse viés tomou conta desse meu diálogo com os objetos.

Dessa forma, me propus a revistar o meu primeiro experimento que surgiu dessa minha perspectiva de corpos e objetos. Inicialmente esse trabalho nasceu com o videodança “Experimento Corpobolados” (2012) e logo em seguida eu e o Gabriel adaptamos e reconstruímos essa proposta para cena, a qual foi apresentada na Mostra de Dança Verão, organizada pelo Centro Municipal de Dança em 2013. Para tanto, tinha muita vontade de adentrar e repensar essa proposta, que surgiu como estopim para eu pensar esse encontro com os objetos e ficou adormecida até o início desse ano. Não sei, o que irá ressurgir dessa revisita a algo do passado a essas memórias antigas. Acredito cada vez mais que essa volta ao produto que já foi construído, ao invés de propor um aprimoramento na cena que já existia, irá me redirecionar para um outro lugar. Fato que já vem acontecendo nesse momento nos ensaios…

Bom para aguçar a curiosidade vou deixar os vídeos dos trabalhos os quais citei no texto:

E duas referências atuais:

Esse espetáculo foi visto recentemente pelo meu colaborador Gabriel Martins e tem suscitado propostas de exercícios e experimentações nos nossos ensaios.

E claro, não poderia faltar esse trabalho do malabarista Stefan Sing e da bailarina Criastiana Casadio, uma das primeiras referências de um trabalho que fosse parecido com o que desejávamos fazer.

Foto de ensaio minha e do Gabriel Martins (2013). Falta agora adicionar uma foto dos nossos momentos de ensaio atual, vou providenciar…

 

 

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Quer Viajar Comigo?

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Desde março deste ano estou realizando uma residência artística no NECITRA e gostaria de compartilhar minhas descobertas e impressões acerca do andamento do processo até aqui, de modo a dar continuidade a minha pesquisa acerca de diferentes usos das novas tecnologias na cena contemporânea. Ora, as novas mídias foram assunto de meu mestrado no PPGAC -UFRGS e de buscas que realizei como artista e também como professora, e incluem atividades criativas em diferentes salas de ensaio, tanto do Núcleo Constantin, grupo que fundei em 2008, como das salas de ensaio de minhas turmas em Caxias, da Cia do Carvão de Arroio dos Ratos, bem como dos alunos que orientei na UFRGS e de minhas turmas de alunos regulares no ano de 2013 em que atuei como professora-substituta no Departamento de Arte Dramática da UFRGS. Minha  pesquisa iniciou-se pelo interesse na mídia audiovisual, mas neste momento, tenho me voltado  pelo trabalho com a mídia sonora, pois entendo que ainda há muito que se explorar neste campo específico.

Também é importante registrar que desde que me retirei voluntariamente do circuito tradicional das artes cênicas em Porto Alegre, sem ter que montar espetáculos voltados para um resultado de produção imediato, pude pesquisar com mais liberdade. Depois de trabalhar por trinta anos nas artes cênicas, resolvi que quero ir além do que aprendi e por isso, estou as voltas com o que não sei e nunca fiz: um trabalho com não-atores usando como interface players de mídia sonora que sugerem aos participantes realizarem certas tarefas, enquanto se deslocam pelo espaço formado por recantos que chamei de Estações. Zapping- Instantâneos do Corpo, é um espetáculo que pode ser entendido como uma instalação e participa do Desdobramentos em 07 e 08 de Junho/2014 e se dá numa sala onde o público vai receber fones e algumas indicações que ao serem realizadas, constituem o espetáculo em si. A montagem tem como principal referência o trabalho de Stefan Kaeggi do grupo alemão Rimini Protokoll

http://www.rimini-protokoll.de/website/en/about_sk.html
Este grupo trabalha com não-atores em espaços não-teatrais como shopping-centers, ruas, avenidas, praças, museus, sem que se reserve um espaço para o acontecimento teatral. A ação das encenações de Kaeggi se dá inclusive pela participação dos próprios frequentadores destes locais , e por meio de uma bem traçado roteiro de ações, faz conviver realidade e ficção, sem que os presentes saibam   ao certo o que está sendo encenado e o que é a força da vida real em seu implacável cotidiano.
Por ser para mim uma experiência nova, considero que é uma empreitada de coragem construir Zapping- Instantâneos do Corpo, pois não ensaio com os atores como sempre fiz ao longo de minha carreira de artista-criadora em teatro. Dessa maneira, fico escrevendo e reescrevendo roteiros de ações, juntando trilhas sonoras, tentando prever que isto ou aquilo poderá acontecer com a “plateia-artista”. Mas o espaço para o imprevisto, o impensado, o imponderável está lá, e tem seu lugar garantido, e esta é minha única certeza. De sorte que conto com a participação de Nayara Brito, artista do NECITRA que carinhosamente topou meu convite e divide comigo a autoria deste roteiro maluco para nossos convidados viajarem.

De modo que, ao aceitarem o percurso por entre as estações, nossos participantes convidados se tornam cúmplices ou testemunhas de uma jornada que marca também minha participação no NECITRA – casa nova, nova proposta, e um arrepio bom. Fico ansiosa por saber quem serão nossos atores, elenco surpresa que será formado pela plateia que lá estiver: público do NECITRA, amigos, colegas e tanta gente mais. De fato, estou me preparando para algo que só acontecerá se as pessoas atenderem a meu apelo e aparecerem por lá. Portanto, esta postagem é também um convite para o novo, o novo para mim e para aqueles que aceitarem desempenhar o papel de meus cúmplices ou minhas testemunhas, mas acima de tudo, meus companheiros durante esta viagem. Em breve mais notícias dessa jornada.

Work in progress

Confira aqui como está ficando o mais novo experimento cênico do duo de Carol Mendes & Ramon Ortiz.

O projeto pretende levar a reflexão sobre a convivência dentro de uma relação, sobre o desejo de estar unido, sobre a própria incapacidade de não estar, sobre a ideia de possuir e ser possuído.Em caráter coreográfico o trabalho almeja compor junto de outros projetos e desenvolvimento um espetáculo do duo.Essa cena contrasta com o projeto apresentado anteriormente no sentido em que o contexto remete a um ambiente mais caseiro ou sala de ensaio enquanto que o “Inquietações” têm uma aura bem urbana e de rua.